Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Salmo 119:105) Convenção Batista Brasileira
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Uma Mensagem Limitada ou Uma Comunhão Limitada?

Autor: Pr. David Nettleton1

Tradução: Jeanne Rangel

"26 Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos. 27 Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus." (Atos 20:26-27 ACF)

Esta mensagem [este artigo], como muitas, nasceu de uma experiência. Pode ser que outros estejam vivendo experiências semelhantes. Portanto, permitam-me contar a experiência que deu origem a essa mensagem.

Nasci Presbiteriano. Fui salvo num colégio inter-denominacional no corpo estudantil, mas gerenciado pela igreja dos Irmãos. De lá fui para um seminário que não era uma escola denominacional e de lá para outro seminário Presbiteriano Unido. Entrei para o pastorado Batista sem nenhum treinamento Batista, exceto o que recebi pela leitura das Escrituras.

Alguns anos mais tarde fui para um movimento jovem inter-denominacional e recebi a liderança de um encontro local de sábado à noite. Cooperei com alguns evangélicos, independentemente de suas associações. Fui orientado pelos principais líderes do movimento para procurar os nomes dos modernistas em destaque, para [fazerem parte de] meu comitê de aconselhamento. Eu não o fiz. Mas segui o conselho que me levou a encaminhar todos os convertidos de volta às Igrejas de suas escolhas, Igrejas que eu sabia serem liberais em alguns casos. Isto incomodou muito a minha consciência e eu orei e pensei sobre isso.

Outro problema ligado a esse trabalho foi minha falha em instruir aos convertidos sobre o batismo cristão que, nas Escrituras, é o primeiro teste de obediência. Eu senti que deveria instruí-los [sobre o batismo], da mesma forma que Pedro e Paulo o fizeram. Mas como poderia isso ser feito se, no comitê do trabalho, havia amigos íntimos que não acreditavam nisso? Por tal associação, eu definitivamente estraguei minha mensagem e meu ministério sobre importantes verdades bíblicas que muitos chamavam de "não-essenciais".

No trabalho de acompanhamento [dos novos convertidos] não era conveniente que eu falasse sobre segurança eterna, na presença de trabalhadores cristãos que odiavam o nome da doutrina. Assim, o ministério era reduzido à apresentação do evangelho, como se não houvesse nada na Grande Comissão sobre batizar convertidos e doutriná-los. Eu tinha encontrado o menor denominador comum, e o defendia. Mas minha consciência não teve descanso. Então aconteceu que Atos 20:27 veio a significar algo para mim.

O grande apóstolo nunca se permitiu ser levado a nada que limitasse sua mensagem. Ele poderia dizer de consciência limpa: "26 ... estou limpo do sangue de todos. 27 Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus." Por que, hoje, muitos não podem hoje dizer o mesmo? Em meu caso e em muitos outros casos, seria devido ao desejo de ensinar a uma audiência grande e trabalhar com um grupo maior de cristãos. Muitos foram afastados, levados para longe de uma completa obediência, através de um moto nobre e sonoro, aplicado ao trabalho cristão: "No que for essencial, unidade; no que for não-essencial, liberdade; e, em todas as coisas, caridade". Algumas coisas não são essenciais à salvação mas são essenciais à completa obediência e o cristão não tem a liberdade diante de Deus para escolher o que é essencial e não essencial! É nosso dever declarar toda a orientação de Deus e fazê-lo onde quer que estejamos.

Paulo tinha um ministério maravilhosamente equilibrado. Em sua pregação ele nunca teria agradado aos homens, pois sabia que nunca agradaria a Deus se tentasse agradar aos homens. Ainda assim, em sua vida ele testificou: "Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar alguns" (1 Cor. 9:22). "Assim como também eu procuro, em tudo, ser agradável a todos, não buscando meu próprio interesse, mas o de muitos, para que sejam salvos (1 Cor. 10:33).

Que feliz equilíbrio no ministério! É verdadeiro, humilde e completo. Hoje estamos escolhendo entre duas alternativas. UMA MENSAGEM LIMITADA OU UMA COMUNHÃO LIMITADA. [Por um lado,] Se pregarmos todas as verdades bíblicas, há muitos lugares para onde jamais seremos convidados. [Por outro lado,] Se apertarmos as mãos das multidões, haverá uma limitação da mensagem da Bíblia. Tenha isso em mente – é o Batista que põe mais coisas de lado [quando quer ter comunhão com todo mundo]. É o Batista fundamentalista que faz as concessões! Pense nisso e você perceberá é uma verdade. Acreditamos no batismo [apenas] de quem já é crente. Acreditamos na separação [tanto do pecado, na nossa vida pessoal, como dos erros doutrinários, na nossa vida como igreja]. Pregamos a segurança eterna [da salvação]. Acreditamos na vinda iminente de Cristo. Consideramos um ato de obediência reprovar a descrença nos círculos religiosos. Temos que indicar [por nome] [e expor os erros de] os saduceus e fariseus. Mas, conforme uma filosofia atual, devemos deixar essas coisas de lado em benefício de uma esfera mais ampla de serviço.

O que é mais importante: a completa obediência, ou [atingirmos] uma esfera mais ampla de serviço? Todavia, não acredito inteiramente que essas sejam as duas únicas alternativas. É nossa primeira tarefa ser completamente obedientes a Deus em todas as coisas e então esperar n’Ele pelos locais de serviço. Pode ser que venhamos a ser limitados, e pode ser que não. Charles Haddon Spurgeon não viajou tanto quanto alguns homens do seu tempo, mas seus sermões viajaram tão longe quanto os sermões de muitos homens.

Li recentemente um artigo religioso de um grande evangelista. Ele deplora as condições morais na América. Ele deplora as condições de nossas escolas. Ele fala contra o comércio de bebidas e contra a delinqüência juvenil. Mas nada é dito contra o grande inimigo da América: A CRENÇA MODERNA DISSEMINADA PELAS IGREJAS SUPOSTAMENTE DE CRENTES. A força da nação está em seu amor a Deus. Esse amor tem esfriado cada vez mais, em muitas igrejas, e Jesus Cristo, Nosso Senhor, é chamado de filho ilegítimo, um jovem confuso e um mestre morto. Esse tipo de coisa precisa ser repreendido ao custo da [nossa] reputação e mesmo ao custo da [nossa] vida, se necessário. Mas logo que for repreendido, o homem que o repreende perderá a maioria dos seus seguidores, se ele tiver ganhado seus seguidores através da cooperação com as igrejas modernistas.

É minha crença que alguns dos nossos evangelistas de hoje sejam completos cristãos crentes na Bíblia. Eles aceitam quase todas as verdades do Livro. [Mas] parece que eles evitam pregar todo o aconselhamento de Deus por uma razão: para eles, é importante ir mais longe, mesmo se formos com uma mensagem menor. A brecha dentro do assim chamado Protestantismo hoje é tão grande como a distância entre o Protestantismo e o Catolicismo Romano [nos séculos da Reforma e do Grande Avivamento]. Precisamos tornar este fato conhecido. Mas sempre que promovemos o tipo de ministério inclusivo estamos encobrindo um fato que precisa ser conhecido.

Deus nos deu uma grande mensagem para pregar. Ela contém o glorioso evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, mas não está limitada a este evangelho. Ele nos comissionou a pregar o evangelho, batizando nossos convertidos e DOUTRINANDO-OS (Mt 28:19-20) [ênfase da tradutora]. Ele nos deu o melhor sistema de trabalho de acompanhamento [dos novos convertidos] que é a formação e boa fundamentação de igrejas constituídas de crentes na Bíblia, e os [recém-] convertidos se ajuntarem a elas. Ele está nos chamando à lealdade e à obediência.

Não precisamos de nova mensagem. Não precisamos de novo método. Precisamos somente do espírito de obediência achado em Paulo quando ele testifica: "Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus."