Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Salmo 119:105) Convenção Batista Brasileira
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A Confissão de Fé de Dordrecht

Tradução: Walter Andrade Campelo

Adotada em 21 de abril de 1632, pela Conferência Menonita Holandesa reunida em Dordrecht, Holanda.

I. De Deus e a Criação de Todas as Coisas

Desde que encontramos testificado que sem fé é impossível agradar a Deus, e que aquele que vem a Deus deve crer que há um Deus, e que Ele é galardoador dos que o buscam; então, confessamos com a boca, e cremos com o coração, com toda a piedade, de acordo com as Sagradas Escrituras, no eterno, todo-poderoso, e incompreensível Deus, o Pai, o Filho, e o Espírito Santo, e em nada mais, ou em qualquer outro; [O Deus]1 diante de quem nenhum outro deus foi feito ou existiu, nem haverá qualquer um diante Dele: porque Dele, e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; a Ele seja o louvor e a honra para todo o sempre, Amém.

Hb.11:6; Dt.6:4; Gn.17:1; Is.46:8; I Jo.5:7; Rm.11:36

Deste mesmo Deus único, que opera tudo em todos, nós cremos e confessamos que é o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis; [cremos] que Ele, em seis dias, criou, fez, e preparou o céu e a terra, e o mar, e tudo o que neles há; e que Ele ainda governa e sustenta a mesma e toda a Sua obra através da Sua sabedoria, do Seu poder, e da palavra do Seu poder.

I Co.12:6; Gn.1; At.14:15

E quando terminou Suas obras, e tendo-as ordenado e preparado, cada uma em sua natureza e propriedades, boas e corretas, de acordo com Sua vontade, criou o primeiro homem, o pai de nós homens, Adão; a quem formou do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida, de modo que se tornasse alma vivente, [que foi] criada por Deus à Sua própria imagem e semelhança, em justiça e santidade, para a vida eterna. Ele o considerou acima de todas as outras criaturas, dotando-o com mui altos e gloriosos dons, colocando-o no jardim do gozo ou Paraíso, e lhe dando um mandamento e proibição; em seguida tomou uma costela de Adão, e fez dela uma mulher, e a trouxe a ele, unindo e dando-a a ele como ajudadora, companheira, e esposa; e como conseqüência disto também fez com que deste único homem, Adão, descendam todos os homens que habitam sobre toda a terra.

Gn.1:27; 2:7, 17-18, 22

II. Da Queda do Homem

Cremos e confessamos, de acordo com as Sagradas Escrituras, que estes nossos primeiros pais, Adão e Eva, não continuaram por muito [tempo] neste estado de glória no qual foram criados, mas que eles, seduzidos pela sutileza e engano da serpente, e a inveja do demônio, transgrediram o grande mandamento de Deus e se tornaram desobedientes ao seu Criador; por esta desobediência o pecado veio ao mundo, e a morte pelo pecado, a qual então passou a todos os homens, porque todos pecaram, e, conseqüentemente, trouxeram sobre si a ira de Deus, e a condenação; por esta razão, por Deus foram expulsos do Paraíso, ou jardim de gozo, para arar a terra, em dor comer dela, e comer seu pão no suor dos seus rostos, até que tornassem à terra, de onde foram tomados; e que, por conseguinte, por este único pecado, eles se tornaram tão desonrados, separados, e distantes de Deus que, nem por si mesmos, nem por quaisquer de seus descendentes, nem pelos anjos, nem por homens, nem por qualquer outra criatura no céu ou na terra, poderiam ser erguidos, remidos, ou reconciliados com Deus, e assim deveriam permanecer eternamente perdidos, não tendo Deus em compaixão por Suas criaturas, provendo por elas, ou intervindo com Seu amor e misericórdia.

Gn.3:6; IV Esd.3:7; Rm.5:12,18; Gn.3:23; Sl.49:8; Ap.5:9; Jo.3:16

III. Da Restauração do Homem Através da Promessa do Cristo que Estava por Vir

No que concerne à restauração do primeiro homem e de sua posteridade, confessamos e cremos, que Deus, não obstante sua queda, transgressão e pecado, e sua posterior incapacidade, não estava, todavia, desejando lançá-los fora inteiramente, ou deixá-los para sempre perdidos; mas, [confessamos e cremos] que o chamou novamente a si, o consolou, e lhe mostrou que nele ainda havia um meio para sua reconciliação, a saber: o Cordeiro imaculado, o Filho de Deus, que foi para isto conhecido antes da fundação do mundo, e que lhe foi prometido enquanto ainda estava no Paraíso para a consolação, redenção e salvação dele mesmo e de sua posteridade; sim, aqueles que, daquele momento em diante, pela fé, fossem dados a Ele como sendo seus; por quem todos os piedosos patriarcas, aos quais esta promessa foi frequentemente renovada, almejavam e inquiriam, e a quem, pela fé, eles viram à frente e à distância, [enquanto estavam] à espera do cumprimento [da promessa], de que Ele, por sua vinda, redimiria, libertaria e ergueria a raça humana da queda do seu pecado, da culpa e da injustiça.

Jo.1:29; I Pe.1:19[-20]; Gn.3:15; I Jo.3:8; 2:1; Hb.11:13, 39; Gl.4:4

IV. Da Vinda de Cristo a Este Mundo, e o Propósito Pelo Qual Ele Veio

Cremos e confessamos, além disso, que quando o tempo da promessa, pelo qual todos os piedosos antepassados tanto haviam almejado e esperado, chegou e foi cumprido, o previamente prometido Messias, Redentor e Salvador, vindo de Deus, foi enviado. E que, conforme as previsões dos profetas e o testemunho dos evangelistas, Ele veio ao mundo, e de fato, em carne se manifestou, e a Palavra, ela própria, se fez carne e homem; [cremos e confessamos também] que Ele foi concebido na virgem Maria, que foi desposada com um homem chamado José, da casa de Davi; e que ela Lhe deu à luz como seu filho primogênito, em Belém, que O envolveu em panos, e que O deitou em uma manjedoura.

Jo.4:25, 16:28; I Tm.3:16; Jo.1:14; Mt.1:23; Lc.2:7

Também confessamos e cremos que este é o mesmo que foi divulgado como tendo sido desde a antiguidade, desde a eternidade, sem início de dias, ou fim de vida; sobre quem está testificado que Ele próprio é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro; que Ele é aquele mesmo, e nenhum outro, que foi conhecido, prometido, enviado, e que veio a este mundo; que é o único, primeiro e o próprio Filho de Deus; que foi antes que João o Batista, antes que Abraão, antes que o mundo; de fato, que foi o Senhor de Davi, e Deus de todo o mundo, o primogênito de toda a criação; que foi trazido a este mundo, e para quem um corpo foi preparado, o qual Ele entregou como um sacrifício e oferta, como cheiro suave a Deus, sim, para a consolação, redenção, e salvação de toda a humanidade.

Jo.3:16; Hb.1:6; Rm.8:32; Jo.1:30; Mt.22:43; Cl.1:15; Hb.10:5

Mas sobre como e de que maneira este precioso corpo foi preparado, e como a Palavra se fez carne, e Ele Próprio [se fez] homem, sobre isto nós nos contentamos com a afirmação concernente a este assunto a qual os ilustres evangelistas nos deixaram em seus relatos, de acordo com a qual confessamos juntamente com todos os santos, que: Ele é o Filho do Deus vivente, em quem somente consiste toda nossa esperança, consolação, redenção, e salvação, o que não podemos nem devemos buscar em nenhum outro.

Lc.1:31-32; Jo.20:31; Mt.16:16

Nós ademais cremos e confessamos com as Escrituras que, quando Ele terminou Sua carreira, e cumpriu a obra para a qual Ele foi enviado e [pela qual] veio ao mundo, Ele foi, conforme a providência de Deus, entregue nas mãos dos iníquos; sofreu sob o juiz, Pôncio Pilatos; foi crucificado, morto, foi enterrado, e ao terceiro dia ressuscitou dos mortos, e ascendeu ao céu; e que se assentou ao alto à direita de Deus a Majestade, de onde Ele virá novamente para julgar os vivos e os mortos.

Lc.22:53; 23:1; 24:6-7,51

E que deste modo o Filho de Deus morreu, e experimentou a morte, e derramou Seu precioso sangue por todos os homens; e que por meio disso Ele pisou a cabeça da serpente, desfazendo as obras do Demônio, riscando a cédula [que era contrária] e obtendo perdão dos pecados para toda a humanidade; portanto se tornando a causa da salvação eterna de todos aqueles que, de Adão até o fim do mundo, cada um a seu tempo, crerem Nele, e O obedecerem.

Gn.3:15; I Jo.3:8; Cl.2:14; Rm.5:18

V. Da Lei de Cristo, isto é, o Santo Evangelho ou o Novo Testamento

Nós também cremos e confessamos que antes de Sua ascensão Ele instituiu Seu Novo Testamento, e, desde que era para ser e permanecer um Testamento eterno, [cremos] que Ele o confirmou e selou com Seu precioso sangue, e o deu e deixou para Seus discípulos; sim, preenchendo-os tão fortemente com ele, que nem anjo nem homem podem alterá-lo, nem acrescentar ou tirar dele; e que Ele o produziu contendo tanto do inteiro conselho e vontade de Seu Pai celestial quanto foi necessário para a salvação ser proclamada, em Seu nome, por Seus amados apóstolos, mensageiros, e ministros - a quem Ele chamou, escolheu, e enviou ao mundo com este propósito - entre todos os povos, nações, e línguas; para que o arrependimento e a remissão dos pecados fossem pregados e testificados; e [cremos] que, concordemente, Ele tem com isto declarado a todos os homens sem distinção, que aqueles que, através da fé, como filhos obedientes atenderem, seguirem, e praticarem o que o mesmo contém, serão Seus filhos e herdeiros legais; deste modo não excluindo ninguém da preciosa herança de eterna salvação, exceto os descrentes e desobedientes, tortos e obstinados, que desprezam [o evangelho], e incorrem nisto por seus próprios pecados, fazendo-os, desta forma, indignos da vida eterna.

Jr.31:31; Hb.9:-15-17; Mt.26:28; Gl.1:8; I Tm.6:3; Jo.15:15; Mt.28:19; Mc.16:15; Lc.24:47; Rm.8:17; At.13:46

VI. Do Arrependimento e Transformação de Vida

Cremos e confessamos que, já que a imaginação do coração do homem é má desde sua juventude, e, portanto, inclinada a toda iniqüidade, pecado, e maldade, a primeira lição do precioso Novo Testamento do Filho de Deus é o arrependimento e a transformação de vida; conseqüentemente, aqueles que têm ouvidos para ouvir, e corações para entender, devem gerar genuínos frutos [dignos] de arrependimento, transformar suas vidas, crer no Evangelho, evitar o mal e fazer o bem, desistir da iniqüidade, renunciar ao pecado, despir-se do velho homem com seus feitos, e vestir-se do novo homem, que conforme Deus é criado em justiça e verdadeira santidade: porque, nem o batismo, ou a ceia, ou o ser membro da igreja, nem qualquer outra cerimônia exterior, podem sem fé, regeneração, mudança, e renovação de vida, ajudar em algo a agradar a Deus ou a obter Dele qualquer consolação ou promessa de salvação; mas devemos ir a Deus com um coração puro, e uma fé perfeita, e a crença em Jesus Cristo, como nos diz a Escritura, e testificar Dele; [pois,] através de tal fé obtemos perdão dos pecados, somos santificados, justificados, e feitos filhos de Deus, sim, participantes de Sua mente, natureza, e imagem, sendo, do alto, de novo gerados de Deus, através de uma semente incorruptível.

Gn.8:21; Mc.1:15; Ez.12:2; Cl.3:9-10; Ef.4:22,24; Hb.10:22-23; Jo.7:38

VII. Do Santo Batismo

No que concerne ao batismo confessamos que nós, crentes arrependidos, os que pela fé, regeneração, e renovação do Espírito Santo, fomos feitos um com Deus e estamos escritos no céu, devemos: sobre Bíblica profissão de fé, e renovação de vida, ser batizados em água, no digníssimo nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, de acordo com o mandamento de Cristo e o ensino, exemplo e prática dos apóstolos, para sepultamento dos pecados, e assim ser incorporados na comunhão dos santos; e daí em diante aprender a observar todas as coisas que o Filho de Deus tem ensinado, deixado, e ordenado aos Seus discípulos.

At.2:38; Mt.28:19-20; Rm.6:4; Mc.16:16; Mt.3:15; At.8:16; 9:18; 10:47; 16:33; Cl.2:11-12

VIII. Da Igreja de Cristo

Cremos em, e confessamos, uma igreja de Deus visível, a saber, aqueles que, como foi dito antes, verdadeiramente se arrependem e crêem, e são corretamente batizados; aqueles que são um com Deus no céu, e [são] perfeitamente incorporados na comunhão dos santos aqui na terra. Esta nós confessamos ser a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, os que são declarados ser a noiva e a esposa de Cristo, sim, filhos e herdeiros da vida eterna, a tenda, o tabernáculo, e a habitação de Deus em Espírito; edificados sobre a fundação dos apóstolos e profetas, dos quais o próprio Jesus Cristo é declarado ser a pedra principal de esquina (sobre a qual a Sua igreja é construída). Esta [é] a igreja do Deus vivente, a qual Ele adquiriu, comprou, e remiu com Seu próprio e precioso sangue; com a qual, de acordo com Sua promessa, Ele estará e permanecerá para sempre, mesmo no fim do mundo, para consolação e proteção, sim, habitará e andará junto deles, e os preservará, de modo que nem rios nem tempestades, nem mesmo as portas do inferno, os moverão ou prevalecerão contra eles; - esta igreja, nós afirmamos, pode ser reconhecida por sua fé bíblica, sua doutrina, seu amor, e sua santa conversação, como, também, pela frutífera observância, prática, e manutenção das verdadeiras ordenanças de Cristo, as quais Ele tão altamente ordenou aos Seus discípulos.

I Co.12; I Pe.2:9; Jo.3:29; Ap.19:7; Tt.3:6-7; Ef.2:19-21; Mt.16:18; I Pe.1:18-19; Mt.28:20; II Co.6:16; Mt.7:25

IX. Da Eleição, e dos Ofícios de Mestres, Diáconos, e Diaconisas na Igreja

No que concerne aos ofícios e eleições na igreja, nós cremos e confessamos que, já que sem os ofícios e as ordenações a igreja não pode subsistir em seu crescimento, nem continuar em desenvolvimento, então o próprio Senhor Jesus Cristo, como o esposo em Sua casa, instituiu, determinou, encarregou, e ordenou Seus ofícios e ordenações. De maneira que todos devem andar neles, e atentar para a Sua obra e chamado e executá-los, assim que encontrados, do mesmo modo como Ele próprio, sendo o fiel, grande, e sumo Pastor e Bispo de nossas almas, foi enviado, e veio ao mundo, não para ferir, quebrar, ou destruir as almas dos homens, mas para curá-las e restaurá-las, para buscar o perdido, e derrubar a parede de separação que estava no meio, para fazer de dois um, e assim reunir judeus, gentios, e todas as nações, em um rebanho, em uma igreja com Seu nome, para que - nenhum venha a pecar ou estar perdido - Ele próprio deu Sua vida, e assim ministrando-lhes a salvação, e libertando-os e remindo-os, no que ninguém mais poderia ajudá-los ou socorrê-los.

Ef.4:10-12; I Pe.2:25; Mt.12:19; 18:11; Ef.2:14; Gl.3:28; Jo.10:9,11,15; Sl.49:8

E que Ele, além disso, antes de Sua partida, deixou Sua igreja suprida com ministros fiéis, apóstolos, evangelistas, pastores e mestres, a quem Ele antes, através do Espírito Santo, escolheu com oração e súplica; que eles devem governar a igreja, alimentar o Seu rebanho, e vigiá-lo, protegê-lo e supri-lo, sim, fazer todas as coisas, como Ele fez antes deles, tendo ensinado, pelo exemplo mostrado, e tendo-lhes incumbido, de ensinar a guardar todas as coisas que Ele lhes mandou.

Lc.10:1; 6:12-13; Jo.2:15

Que, do mesmo modo, os apóstolos, como fiéis seguidores de Cristo, e líderes da igreja, foram diligentes a este respeito, com oração e súplicas a Deus, através da eleição de irmãos, de modo a suprir cada cidade, lugar, ou igreja, com bispos, pastores, e líderes. E que para ordenar tais pessoas a isto, os mesmos deverão ter cuidado de si mesmos, da doutrina e do rebanho; para que sejam sadios na fé, piedosos na vida e na conversação, e de boa fama tanto fora quanto dentro da igreja; para que possam ser exemplo, luz, e padrão de todas as santas e boas obras, dignamente administrando as ordenanças do Senhor - o batismo e a ceia. E devem em todo lugar (onde tais possam ser encontrados) apontar homens fiéis que sejam capazes de também ensinar a outros, como presbíteros, ordenando-os através de imposição de mãos em nome do Senhor, para prover todas as necessidades da igreja de acordo com suas habilidades; assim que, como servos fiéis, devem bem usar seus talentos recebidos do Senhor, obtendo benefício com eles, e, consequentemente, salvando a si mesmos e aqueles que os ouvem.

I Tm.3:1; At.23:24; Tt.1:5; I Tm.4:16; Tt.2:1-2; I Tm.3:7; II Tm.2:2; I Tm.4:14; 5:2; Lc.19:13

Que eles devem também olhar diligentemente, cada um particularmente entre aqueles seus sobre os quais tenha a supervisão, para que todos os lugares estejam bem supridos com diáconos (para olhar pelos pobres e cuidar deles), os quais devem receber as contribuições e as ofertas, de modo a reparti-las fielmente e com toda a propriedade aos santos que sejam pobres e necessitados.

At.6:3-6

E que também as viúvas honradas e idosas devem ser escolhidas e ordenadas diaconisas. Que elas com os diáconos devem visitar, confortar, e cuidar dos pobres, fracos, doentes, aflitos e necessitados, como também das viúvas e dos órfãos, e ajudar a atender a outras carências e necessidades da igreja no melhor de suas habilidades.

I Tm.5:9; Rm.16:1; Tg.1:27

Ademais, no que diz respeito aos diáconos, que eles - especialmente quando são preparados, e eleitos e ordenados a isto pela igreja, para a assistência e alívio dos presbíteros - devem exortar a igreja (já que eles, como tem sido dito, são escolhidos para isto), e labutar também na Palavra e no ensino; que cada um deve ministrar aos outros com os dons que recebeu do Senhor, de modo que através do mútuo serviço e da assistência de cada membro, cada um em sua medida, o corpo de Cristo possa ser aperfeiçoado, e a videira e igreja do Senhor continue a crescer, aumentar, e ser edificada, como lhe é próprio.

X. Da Santa Ceia

Também confessamos e observamos o partir do pão, ou Ceia, uma vez que o Senhor Cristo Jesus antes do Seu sofrimento o instituiu com pão e vinho, e observou e comeu com Seus apóstolos, ordenando-lhes que o observassem em memória Dele; o que eles ensinaram e praticaram na igreja, e ordenaram que fosse mantido em memória do sofrimento e da morte do Senhor; e [em memória de] Seu precioso corpo [que] foi partido, e [de] Seu sangue [que foi] derramado, por nós e por toda a humanidade, como também dos frutos disto, a saber, a redenção e a salvação eterna, os quais Ele comprou com este ato, mostrando [este] tão grande amor por nós homens pecadores; através do qual somos admoestados ao extremo, a amar e a perdoar-nos uns aos outros e aos nossos próximos, como Ele tem feito conosco, e a estarmos atentos para nos mantermos e vivermos à altura da unidade e da comunhão que temos com Deus e uns com os outros, a qual é, para nós, representada por este partir de pão.

Mt.26:26; Mc.14:22; At.2:42; I Co.10:16; 11:23

XI. Do Lavar os Pés dos Santos

Também confessamos o lavar os pés dos santos, já que o Senhor Cristo não somente o instituiu, impôs e ordenou, mas Ele próprio, mesmo sendo Ele Senhor e Mestre deles, lavou os pés de Seus apóstolos, dando, por meio disto, o exemplo de que eles deveriam do mesmo modo lavar os pés uns dos outros, e fazer conforme Ele lhes fez; o que em conformidade, deste momento em diante, eles ensinaram os crentes a observar, como sinal de verdadeira humildade, e, especialmente, para lembrar por este lavar de pés, da verdadeira lavagem, pela qual somos lavados através do Seu precioso sangue, e feitos puros de alma.

Jo.13:4-17; I Tm.5:10

XII. Do Estado de Matrimônio

Confessamos que há na igreja de Deus um honrado estado de matrimônio, de duas pessoas, crentes e livres, em concordância com a forma pela qual Deus originalmente o ordenou no Paraíso, e o instituiu Ele mesmo com Adão e Eva; e [confessamos] que o Senhor Cristo aboliu e pôs de lado todos os abusos ao casamento que neste meio tempo haviam sido sorrateiramente introduzidos, e trouxe todas as coisas à sua ordem original, e assim as deixou.

Gn.1:27; Mc.10:4

Desta forma o Apóstolo Paulo também ensinou e permitiu o matrimônio na igreja, e deixou livre para que todas as pessoas se casem, de acordo com a ordem original, no Senhor, e para que qualquer pessoa possa obter este consentimento. Por estas palavras - no Senhor - há que se entender, pensamos, que do mesmo modo como os patriarcas tinham que se casar entre sua parentela ou geração, assim os crentes do Novo Testamento não têm igualmente nenhuma outra liberdade além daquela de se casarem entre os [que são] da geração eleita e da parentela espiritual de Cristo, isto é, aqueles, e não outros, que previamente se uniram à igreja com um mesmo coração e alma, tendo recebido o único batismo, e permanecendo em comunhão, fé, doutrina e prática, diante do que podem se unir um com o outro pelo casamento. Estes tais são então unidos por Deus em Sua igreja de acordo com a ordem original; e isto é chamado de casamento no Senhor.

II Co.7:2; I Co.9:5; Gn.24:4; 28:2; I Co.7:39

XIII. Do Ofício da Autoridade Secular

Cremos e confessamos que Deus tem ordenado poder e autoridade, e os determinou para punir o mau, e proteger o bom, para governar o mundo, e manter países e cidades, com suas populações, em boa ordem e legalidade; e que nós, por esta razão, não podemos desprezar, injuriar, ou resistir a eles, mas devemos reconhecê-los e honrá-los como ministros de Deus, e estar sujeitos e obedientes a eles, sim, prontos para todas as boas obras, especificamente no que não é contrário à lei, vontade, e ordenação de Deus; também fielmente pagar direitos, impostos e taxas, e entregar a eles o que lhes for de direito, do modo como o Filho de Deus ensinou e praticou, e ordenou que Seus discípulos fizessem; que nós devemos, além disso, constante e fervorosamente orar ao Senhor por eles e por seu bem-estar, e pela prosperidade do país, para que possamos habitar sob sua proteção, ganhar nosso sustento, e levar uma vida quieta e pacífica, com toda a piedade e honestidade; e, ademais, que o Senhor possa recompensá-los, aqui, e depois na eternidade, com todos os benefícios, liberdade, e favores que gozamos aqui sob sua louvável administração.

Rm.13:1-7; Tt.3:1; I Pe.2:17; Mt.22:21; 17:27; I Tm.2:1

XIV. Da Vingança

Com relação à vingança, que é o opor-se a um inimigo através da espada, cremos e confessamos que o Senhor Cristo proibiu e colocou à parte para Seus discípulos e seguidores toda [forma de] vingança e retaliação, e lhes ordenou não tornar a ninguém mal por mal, ou maldição por maldição, mas que ponham a espada na bainha, ou, como o profeta predisse, que convertam as espadas em enxadões.

Mt.5:39,44; Rm.12:14; I Pe.3:9; Is.2:4; Mq.4:3; Zc.9:8-9

Disto entendemos então que, de acordo com Seu exemplo, não devemos infligir dor, dano, ou tristeza a ninguém, mas buscar o maior bem-estar e salvação de todos os homens, e se a necessidade o requerer, [devemos] escapar por amor do Senhor de uma cidade ou país para outro, e sofrer a espoliação de nossos bens; [e] que não devemos prejudicar ninguém, quando somos atingidos, mas antes dar a outra face, ao invés de tomar vingança ou retaliar.

Mt.5:39

E, além disso, devemos orar por nossos inimigos, alimentá-los e fortalecê-los sempre que estiverem com fome ou com sede, e deste modo convencê-los por bem-fazer, e [assim] superar toda a ignorância.

Rm.12:19-20

Finalmente, que devemos bem fazendo nos recomendar à consciência de todo o homem; e, conforme a lei de Cristo, não fazer a ninguém o que não tivermos feito a nós.

II Co.4:2; Mt.7:12

XV. Do Afirmar sob Juramento

Concernente à afirmação sob juramento cremos e confessamos que o Senhor Cristo pôs isto de parte e proibiu Seus discípulos [de o fazerem], que eles não devem jurar de nenhuma forma, mas que sim deve ser sim, e não, não; disto entendemos que todos os juramentos, altos e baixos, são proibidos, e que ao invés deles devemos confirmar todas as nossas promessas e obrigações, sim, todas as nossas declarações e testemunhos sobre qualquer assunto, somente que nossa palavra sim, seja um sim, e que o não, seja um não; e ainda, que devemos sempre, em todos os assuntos, e com todos, sermos fiéis, manter, seguir, e cumprir [nossa palavra], como se a tivéssemos confirmado com um juramento solene. E se fizermos assim, cremos que ninguém, nem mesmo a própria Magistratura, terá justa razão para colocar grande peso sobre nossas mentes e consciência.

Mt.5:34-35; Tg.5:12; II Co.1:17

XVI. Da Excomunhão Eclesiástica, ou Separação da Igreja

Cremos em, e confessamos, um banimento, separação e Cristã correção na igreja, para regeneração, e não para destruição, de modo a distinguir o que é puro do [que é] impuro: isto é, quando alguém, após ter sido iluminado, ter aceitado o conhecimento da verdade, e ter sido incorporado à comunhão dos santos, peca novamente para a morte, seja por obstinação, ou por arrogância contra Deus, ou por alguma outra causa, e cai nas obras infrutuosas das trevas, e por isso torna-se separado de Deus, e transgressor do reino de Deus; este tal, após o fato ter sido manifesto e suficientemente conhecido pela igreja, não pode permanecer na congregação dos justos, mas, como um membro ofensor, e um pecador notório, pode e deve ser separado, [ser] posto de lado, reprovado publicamente, e lançado fora como fermento; e isto para a sua correção, como um exemplo que os outros possam temer, e para manter a igreja pura, através da sua limpeza de tais manchas, a fim de que pela falta disto o nome do Senhor não seja blasfemado, e a igreja desonrada, e a transgressão dada aos que são de fora; e finalmente, que o pecador possa não ser condenado com o mundo, mas convença-se em sua mente, e seja movido à contrição, ao arrependimento, e à transformação.

Jr.59:22; I Co.5:5,13; I Tm.5:20; I Co.5:6; II Co.10:8; 13:10

Mais além, no que concerne à reprovação e admoestação fraternal, como também à instrução dos transgressores, é necessário exercitar toda a diligência e cuidado, para velar por eles e para admoestá-los com toda mansidão, para que possam ser aperfeiçoados, e para reprovar, de acordo com o que é certo, o obstinado que permanecer empedernido; em resumo, a igreja deve afastar dela os maus (tanto em doutrina ou na vida), e a nenhum outro.

Tg.5:19; Tt.3:10; I Co.5:13

XVII. Do Evitar os Separados

No que diz respeito ao privar-se, ou afastar-se dos separados, cremos e confessamos que se alguém, tanto por sua vida de maldade ou [por sua] perversão da doutrina, tem caído tão fundo que está separado de Deus, e, conseqüentemente, também separado e punido pela igreja; este deve, de acordo com a doutrina de Cristo e Seus apóstolos, ser evitado, sem distinção, por todos os membros em comunhão da igreja, especialmente aqueles de quem ele é conhecido, em comer, beber, e outros relacionamentos similares, e nenhuma companhia devem ter com ele para que não se tornem contaminados pelo relacionamento com ele, nem sejam feitos participantes de seus pecados; mas que o pecador possa ser envergonhado, pungido em seu coração, e condenado em sua consciência, até sua reformação.

I Co.5:9-11; II Te.3:14

Ainda, em se afastar bem como em reprovar, a moderação e a discrição Cristã devem ser usadas para tal, de modo que possa conduzir o pecador, não à destruição, mas à restauração. Porque, se ele está necessitado, faminto, sedento, nu, doente, ou em qualquer outro perigo, estamos presos ao dever, a necessidade requerendo isto, de acordo com o amor e a doutrina de Cristo e Seus apóstolos, a oferecer-lhe auxílio e assistência; caso contrário, a separação tenderia neste caso mais à destruição que à restauração.

Portanto, não devemos contá-los como inimigos, mas admoestá-los como irmãos, que por meio disso possam ser trazidos ao conhecimento e ao arrependimento e contrição por seus pecados, para que assim possam ser reconciliados com Deus, e conseqüentemente ser recebidos novamente na igreja, e que o amor possa continuar com eles, como é apropriado.

II Te.3:15

XVIII. Da Ressurreição dos Mortos, e do Julgamento Final

Finalmente, no que diz respeito à ressurreição dos mortos, confessamos com a boca, e cremos com o coração, de acordo com as Escrituras, que no último dia todos os homens que morreram, e caíram adormecidos, serão despertos e vivificados, e ressuscitarão através do incompreensível poder de Deus; e que eles, juntamente com aqueles que então estiverem vivos, e que serão transformados no piscar de um olho, ao som da última trombeta, serão postos diante do trono de julgamento de Cristo, e os bons serão separados dos maus; e que então todos receberão em seu próprio corpo de acordo com o que tiverem feito, ou bem ou mal; e que o bom ou piedoso, como bem-aventurado, será levado com Cristo, e entrará na vida eterna, e obterá aquele gozo que o olho não pode ver, nem o ouvido ouvir, nem entrou no coração do homem, para reinar e triunfar com Cristo para todo o sempre.

Mt.22:30-31; Dn.12:12; Jó 19:26; Mt.25:31; Jo.5:28; II Co.5:10; I Co.15; Ap.20:12; I Te.4:15; I Co.2:9

E que, por outro lado, os maus ou ímpios, como amaldiçoados, serão lançados fora na escuridão, sim, nas eternas dores do inferno, onde seu bicho não morre, nem seu fogo é apagado, e onde eles, de acordo com a Sagrada Escritura, não poderão jamais ter qualquer esperança, conforto, ou redenção.

Mc.9:44; Ap.14:11

Possa o Senhor, pela Sua graça, nos fazer todos dignos e adequados, que isto não aconteça a nenhum de nós; mas que possamos deste modo ter cuidado de nós mesmos, e usarmos toda a diligência, para que naquele dia possamos ser encontrados diante Dele imaculados e irrepreensíveis em paz. Amém.

Conclusão

Estes, então, como foram brevemente declarados acima, são os principais artigos de nossa geral fé Cristã, como a ensinamos e praticamos em toda parte em nossas igrejas e entre nosso povo; a qual, em nosso julgamento, é a única verdadeira fé Cristã, e que os apóstolos em seu tempo creram e ensinaram, sim, testificando com suas vidas, confirmando com suas mortes, e, alguns deles, também selando com seu sangue; na qual, nós em nossa fraqueza, junto com eles e com todos os piedosos, iremos alegremente permanecer, viver, e morrer, para que possamos por fim obter salvação juntamente com eles através da graça do Senhor.

Deste modo feito e finalizado em nossas igrejas unidas, na cidade de Dordrecht, em 21 de abril, 1632, calendário gregoriano3.

Adoção pelos Menonitas Alsacianos4, 1660

Nós, abaixo-assinados, ministros da palavra de Deus, e presbíteros da igreja na Alsácia, com isto declaramos e fazemos conhecido, que estando reunidos neste 04 de fevereiro do ano de nosso Senhor de 1660, em Ohnenheim no principado de Rappoltstein, por conta da Confissão de fé, a qual foi adotada na Convenção de Paz de Taufls-gesinnten a qual foi chamada de Flamenga, na cidade de Dort, no dia 21 de abril do ano de 1632, e que foi impressa em Roterdam por Franciscus von Hochstraten, no ano de 1658; e tendo examinado a mesma, e encontrado-a de acordo com nosso julgamento, a temos inteiramente adotado como nossa própria.

Adoção pelos Menonitas da América, 1725

Nós os abaixo assinados Servos da Palavra de Deus, e Presbíteros na Congregação do Povo chamada, Menonitas, na Província da Pensilvânia, validamos, e com isto tornamos conhecido, que reconhecemos a Confissão acima, Apêndice, e a escusa de Menno, como estando de acordo com nossa Opinião: e que também a temos tomado como sendo inteiramente nossa.