"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. (2) E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria." (I Coríntios 13:1-2 ACF1)
A questão da existência ou não de uma língua falada pelos anjos é uma questão interessante e que merece uma atenção especial de nossa parte.
Há consenso entre os cientistas que uma das formas mais simples de se reconhecer a presença de inteligência em uma determinada espécie, e qual é o seu nível de desenvolvimento, é através da existência ou não de comunicação entre os indivíduos desta espécie. Quanto mais complexa for esta comunicação, maior é a inteligência atribuída aos que a executam.
Por exemplo, os golfinhos são reputados como tendo grande inteligência, e isto pode ser verificado através do fato deles se comunicarem entre si através de um complexo sistema de sons. Ainda não foi possível à ciência desvendar sua língua, mas, é possível determinar com precisão que é bastante complexa, composta de diversas estruturas construtivas que formam seu padrão de comunicação.
Verificamos através da Palavra de Deus que os anjos são seres de grande inteligência, capazes de executar tarefas extremamente complexas, capazes de falar aos homens não importando qual a língua da pessoa com quem estão falando, enfim, seres que são poderosos também em seus atributos intelectuais. Assim, usando de raciocínio semelhante ao anteriormente apresentado, entendemos que os anjos têm uma ou mais línguas próprias, através das quais se comuniquem entre si. Também através deste mesmo raciocínio, podemos ter certeza de que é extremamente rica e complexa.
Não queremos entrar no mérito de serem estas línguas mais complexas que as línguas humanas, mas, podemos ter absoluta convicção de que elas têm pelo menos o mesmo nível de complexidade da mais simples língua humana existente, pois, menos que isto, impediria a comunicação dos anjos com os homens, além do que, denotaria uma falta de desenvolvimento intelectual por parte dos anjos, o que sabemos pela Palavra de Deus não ser verdade.
O apóstolo Paulo, em seu texto em I Coríntios 13, está exortando aquela Igreja, que em uma demonstração de falta de Cristianismo, estava falando em vários idiomas desconhecidos por aquelas pessoas, afrontando com isto os que eram indoutos e aqueles que procuravam a Igreja a fim de conhecer a mensagem do Evangelho.
Algumas coisas ficam claras por parte do texto:
Seria algo tão glorioso falar-se em todas as línguas dos homens e dos anjos quanto seria transportar os montes através da fé. São eventos colocados pelo apóstolo lado-a-lado como sendo equivalentes.
Alguns têm afirmado que a atual glossolalia é a língua dos anjos. A glossolalia é um falar em êxtase, composto de 10 ou 20 vocábulos combinados de 20 ou 30 formas distintas. Na verdade a glossolalia não passa de uma série de sílabas desconexas, colocadas ao acaso, sem a formação de estruturas lingüísticas definidas. E isto a desqualifica primeiramente como uma língua, já que não tem nenhuma das estruturas necessárias para ser assim considerada, e deste modo, isto também a desqualifica como sendo uma das línguas dos anjos.
Devemos estar cientes de que os lingüistas são capazes de observar em uma comunicação falada estruturas como substantivos, expressões adverbiais, pronomes, adjetivos, conjunções, preposições, etc. Assim, se as pessoas que alegam falar a língua dos anjos estivessem de fato falando uma língua poderíamos reconhecê-la como sendo uma língua verdadeira e real, ainda que celestial, o que definitivamente não acontece.