Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Salmo 119:105) Convenção Batista Brasileira
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Pr. Rubens Lopes

Um Pouco de Sol

A Boca É Minha

Senhor,

É como diz muita gente: a boca é minha. Para justificar a sua incontinência1 verbal. O seu despudor de linguagem.

Eu, porém, não direi assim. Direi antes que, se a boca é minha, é mais tua do que minha, porque a fizeste:

"Quem fez a boca do homem? Não sou eu, o Senhor?" (Êxodo 4:11).

E não só porque a fizeste, mas porque desejo que ela seja tua e não minha.

E para que ela seja tua, ouve-me, nesta prece. Como quero eu que ela seja para que seja digna de ti?

Quero que ela não seja muda quando for para falar.

Nem tartamuda2 quando lhe custar a dizer aquilo que for preciso. Quero-a eloqüente e comunicativa para enriquecer a vida dos meus semelhantes com o que lhes puder dar dos meus conhecimentos e da minha experiência. Mas, ao mesmo tempo, quero, Senhor, que ela seja muda quando for para calar.

Não diz a tua Palavra que há tempo de calar? (Eclesiastes 3:7).

Que nunca eu fale por falar. Intempestivamente. Levianamente.

Quero que a minha boca não seja labareda. A labareda que queima, que incendeia, que destrói. Pondo fogo nas searas alheias.

Mas, por outro lado, Senhor, quero que ela seja uma chama que aqueça e ilumine as vidas que precisam de calor e de luz.

Quero que da minha boca espremas todo veneno. Não quero ter uma língua de ofídio3. Viperina4. Que esconda uma cápsula de peçonha5. Que viva de picar, para destruir a reputação de alguém. Livra-me, Senhor, da maledicência.

Não quero que a minha boca seja um sepulcro aberto expondo ossada e corrupção. Ou imunda chaga. Quero boca limpa. Asseada. Cauterizada pela brasa viva do teu altar. Que não seja um cano de esgoto pondo para fora obscenidades, pornografia ou qualquer outra matéria fecal.

Não quero, Senhor, que a minha boca seja uma espada, sequer uma navalha, pronta para ferir. Ao contrário: que ela seja azeite para pensar6 feridas e mel para adoçar amarguras.

Senhor, livra-me de ser boca do inferno7 como se tornou conhecido um dos nossos primeiros poetas, que só fazia dizer sátiras a propósito de tudo, sem respeitar a ninguém.

Quero antes que ela seja boca de ouro, como a tinha Crisóstomo, teu servo pregador, cujo nome quer dizer isso mesmo.

Senhor, dá-me boca que ensine, que aconselhe, que perdoe, que cante, que abençoe, que pregue, que ore. Sim que ore: louvando, agradecendo, confessando, intercedendo.

É o que te peço, Senhor, para que a minha boca não seja minha, mas tua.

Em nome de Jesus.

Amém.