Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho. (Salmo 119:105) Convenção Batista Brasileira
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Pr. Rubens Lopes

Um Pouco de Sol

Não Eu

Expressão fácil de dizer quando queremos transferir para outro a responsabilidade de uma coisa mal feita. Se erramos, mas ocorre-nos atribuir a alguém a culpa do erro cometido.

A mesma expressão torna-se quase impossível quando tratamos de encarecer uma qualidade que tenhamos. Ou uma vitória que conseguimos. É quando dispensamos o concurso de terceiros.

Mas Paulo fez diferente: referindo-se a serviços que prestara dispensou qualquer elogio. Qualquer auto-elogio. Eclipsou-se. Escondeu-se. Atrás de quem?

De Deus. Da graça de Deus:

"Mas pela graça de Deus sou o que sou; e a sua graça para comigo não foi vã, antes trabalhei muito mais do que outros apóstolos; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo" (I Coríntios 15:10).

Paulo estava tratando, neste capitulo, da ressurreição de Jesus. Das testemunhas oculares e auriculares deste fato histórico, entre os quais ele, a quem Cristo aparecera no caminho de Damasco. Grande privilégio, sem dúvida.

Depois, outro privilégio: ele fora feito apóstolo. Apóstolo para os gentios como os demais tinham sido para os judeus. Ele, o menor, pois antes perseguira a igreja:

"Porque eu sou o menor dos apóstolos, que não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a igreja" (I Coríntios 15:9).

Apesar disso trabalhou mais do que qualquer outro, o que não chega a ser um elogio, uma vez que Paulo foi o apóstolo que mais viajou, que mais escreveu, que mais pregou, que mais igrejas organizou.

Dito isso, ele concluiu: "todavia, não eu, mas a graça de Deus".

Ele era o que era por milagre. Não fosse pelo Senhor, ele jamais teria feito tanto. A começar por aqui: ele não se teria convertido.

A conversão é uma graça. Dom de Deus, como ele mesmo escreveria:

"Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus" (Efésios 2:8)

Depois da conversão a sua vocação também foi uma graça. A mensagem que ele pregava vinha-lhe de Deus. Do céu, não da cabeça.

E as forças para pregar, sabido que ele era um homem enfermo, quase cego?

E a resistência para enfrentar a perseguição, que não lhe deu sossego? Preso várias vezes, açoitado mais de uma?

E a falta de recursos até para manter-se, sendo-lhe necessário recorrer a um ofício - o de fabricar tendas - para ter o pão de cada dia? E o espinho que ele tinha na carne (qual não sabemos), a propósito do qual orara três vezes, limitando-se o Senhor a dizer-lhe: "A minha graça te basta porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza"? (II Coríntios 12:9).

Tudo porque não era ele, mas a graça. Ele aprendera a esvaziar-se de si mesmo para dar lugar a Cristo. Lugar absoluto. A ponto de dizer:

"Vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim" (Gálatas 2:20).

Bela lição. Bela e estranha.