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Das Crises de Cada Dia, Livrai-nos Hoje...

Autor: Alexandre Lemos Palmeiro

Se há um assunto que o brasileiro domina bem e discute em toda e qualquer esquina, esse se chama "crise"!

Parece até que nós adoramos uma crise. Não dá mais para viver sem elas...

É algo estranho esse componente da vida humana, especialmente se analisarmos que na história da aventura do ser humano, por conta de nossa própria inaptidão para viver a verdade e a paz, só avançamos e crescemos - tanto interna quanto externamente - quando submetidos a uma boa e judiosa crise.

A grande questão a ser respondida quanto a isso - segundo penso - não é o porquê da crise, mas sim o para que; não é a causa da crise, mas sim como sairemos dela, após ela passar ou como viveremos em meio a ela.

Observando a grandiosidade e a operosidade da vida do apóstolo Paulo, o quanto ele se dedicou a Cristo e o quanto ele suportou as crises, bem como, o quanto foi ele sustentado por Deus e viveu na presença do Senhor em meio a tantos desafios e problemas.

Em tudo ele manteve nítida diante de si a mensagem da cruz. Essa perspectiva foi o que o animou, essa realidade foi o que patenteou a sua conduta de suportar os desafios das crises.

Alguém diria: só um louco gostaria de viver em meio a crises, haja vista que o homem não foi feito para viver massacrado. Realmente, vivendo como vivemos numa sociedade consumista e pragmática, onde tudo deve levar ao lucro e tudo precisa ter uma razão prática fundamental, não se pode esperar uma perspectiva como a do apóstolo dos gentios, não se pode esperar que a sociedade - inclusive, para vergonha nossa, a sociedade cristã - viva com a consciência dominada pela dimensão e realidade da mensagem da ceia do Senhor, do Getsêmani, do Seu Calvário e, principalmente, da Sua cruz.

Paulo viveu maravilhosamente em meio às crises, por causa da mensagem de Cristo que o constrangia ao amor. Viveu maravilhosamente em meio aos desafios e tribulações da vida, porque soube trazer cativa a mente e o coração para perto da realidade da vida sacrificial de Jesus, o Messias vivo.

Ahh! Como é lindo ouví-lo dizer aos Coríntios: "Quisera eu me suportásseis um pouco na minha loucura!... Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus;... para vos apresentar como uma virgem pura a um marido, a saber, a Cristo." (2 Co 11:1a e 2b ACF)

Em meio à crise de acusação falsa, em meio às dúvidas lançadas sobre o seu apostolado em Cristo, Paulo ultrapassa a crise com conselhos que refletem o quanto ele aprendeu com o Senhor Jesus a viver de modo sublime apesar dos pesares. Ele remete os crentes de Corinto para a simplicidade, para a pureza que há em Cristo; ele os faz refletir agudamente sobre a necessidade de todo cristão verdadeiro dar um salto de qualidade na vida - especialmente na vida sob o espectro da crise -, exortando-os a aprenderem a viver humildemente (v. 2 Co 11:7-9), na dependência do Espírito Santo e na esperança da ajuda de irmãos que caminham juntos.

Isso era possível na vida de Paulo, - e creio ser possível na vida de qualquer um que tenha comprometido a sua vida para seguir a Cristo como seu discípulo, como verdadeiro cristão - porque ele sentia e sabia que "a verdade de Cristo..." (cf. 2 Co 11:10) nele estava entranhada; essa verdade passou a ser parte íntima de sua existência de tal forma que o conduziu na plenitude de Cristo, em glória - não de homens, mas a de Deus - para as eternas e mui ricas fontes do único e sublime amor, esse amor que é tão discursado e cantado, mas do qual o mundo se ressente pela incapacidade nossa de o experimentar em tudo quanto ele tem de desafiador.

Viver em meio às crises, com Deus, é sempre sinal de que elas se converterão em frutos de justiça, em bênçãos incontáveis, porquanto podemos exercitar um modo de vida que parece insensatez aos olhos dos homens, mas que se reveste de uma profundidade e de uma beleza que somente aqueles que caminham com Deus podem perceber, quanto é possível ser feliz o homem que diz, como Paulo após descrever o seu ministério em 2 Co 11:21-29, "Se convém gloriar-me, gloriar-me-ei no que diz respeito à minha fraqueza." (2 Co 11:30 ACF), haja vista que melhor se opera o poder de Deus em nós, quando estamos realmente fracos e abandonados em suas Santas e Benditas Mãos, mamando na fonte de Seu infinito Poder, sob a graça e a misericórdia do Senhor e Salvador Jesus Cristo, na intercessão do Espírito.

Queira Deus possamos viver assim, para a glória Dele, a fim de tornarmo-nos mais capazes de, confiantemente levantar a quem está caído por palavras e por exemplos.

Que o amor do Pai Eterno, a graça e a bondade do Senhor e Salvador Jesus Cristo e as ternas consolações do Espírito Santo, acompanhem cada um de vocês, hoje e para todo o sempre. Amém.