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Filiação de "Pastoras" na OPBB*
Ednilson Farto Batista**
Apesar da Assembléia da OPBB1 realizada no último mês de janeiro em Teresina (PI) ter definido que não compete às Secções da OPBB discutir quanto à consagração ou não de 'pastoras', mas sim, se elas na hipótese de serem consagradas, devem ser filiadas à OPBB; é impossível discutir a questão da filiação sem antes realizarmos uma análise bíblica séria sobre a questão da consagração feminina ao ministério pastoral.
Sendo assim, este documento aborda primariamente a questão da consagração ou não de mulheres ao ministério pastoral, que certamente servirá de embasamento para uma postura bíblica sobre a questão da filiação de mulheres no grêmio da OPBB.
Portanto, de forma extremamente sucinta, considerando:
1º) a doutrina da inspiração bíblica
(2 Timóteo 3:16;
2 Pedro 1:21);
e conseqüentemente o princípio batista de que a Bíblia é a nossa suprema regra de fé e prática
(Princípios Batistas I:2);
não cabendo a cada igreja local, em nome do princípio batista da autonomia
(Princípios Batistas IV.4),
estabelecer a seu critério ou mediante pesquisas de opiniões, a sua própria doutrina, mas sim, se submeter inteiramente aos princípios e preceitos bíblicos expostos na Palavra de Deus;
2º) a doutrina da criação, que estabelece que o homem foi criado primeiro
(Gênesis 2:22;
1 Coríntios 11:8;
1 Timóteo 2:13),
depois a mulher, para ser a auxiliadora do homem
(Gênesis 2:18);
ambos criados para se complementarem
(Gênesis 2:24),
mas com características, papéis e funções diferentes; o homem foi criado como cabeça da mulher
(1 Coríntios 11:3b;
Efésios 5:23a
e
24b),
ou seja, com a função de liderar, nem por isso, um ser superior à mulher; e, a mulher com a função de realizar a sua missão sob a liderança do homem
(1 Coríntios 11:9;
Efésios 5:22-24),
e para ser a glória do homem
(1 Coríntios 11:7c),
nem por isso, de forma alguma, um ser inferior;
3º) a doutrina da queda, que reafirma a sujeição da mulher ao homem
(Gênesis 3:16b),
pois Adão não foi enganado, mas sim Eva
(1 Timóteo 2:14);
4º) a doutrina da igreja, que estabelece que a liderança espiritual da mesma é especificamente masculina
(1 Timóteo 3:1-13;
Tito 1:5-9),
inclusive vedando à mulher o ensino doutrinário público oficial e o exercício de autoridade sobre o esposo, ou seja, sobre homens
(1 Timóteo 2:12,
1 Coríntios 14:34-35),
pois as restrições à liderança espiritual feminina, nunca foram culturais nem de usos e costumes, mas sim doutrinárias
(1 Coríntios 14:37);
sendo que no ensino neo-testamentário não há nenhuma evidência da designação de, inicialmente "discípulas" e posteriormente "apóstolas", bem como, com o início da Igreja a consagração de "presbíteras", "pastoras", "bispas", etc;
5º) a subordinação na doutrina da Trindade, que no aspecto ontológico (ser) subsiste desde a eternidade, cujas pessoas do Pai, do Filho e do Espírito Santo são iguais em substância, possuem atributos e poderes idênticos e conseqüentemente têm a mesma glória, mas no aspecto econômico - a Trindade manifestada ao mundo - exercem papéis diferentes na história da criação, redenção e santificação; onde o Pai envia o Filho, e o Espírito procede do Pai e do Filho, sendo que a subordinação do Filho ao Pai, e do Espírito ao Pai e ao Filho é perfeitamente compatível com a igualdade predicada acerca da Trindade ontológica2; assim, o princípio da subordinação
(1 Coríntios 11:3)
nos foi outorgado na criação do homem e da mulher, e conseqüentemente da família, onde no aspecto ontológico, o homem e a mulher, o esposo, a esposa e os filhos são iguais perante o Senhor, sem nenhuma superioridade espiritual do homem, pelo simples fato de ser homem e nenhuma inferioridade espiritual da mulher, pelo simples fato de ser mulher; mas no aspecto econômico há uma hierarquia funcional, que deve ser observada e espelhada tanto dentro da família quanto dentro da Igreja, as duas instituições divinas, cuja liderança foi delegada pelo Criador ao homem, e a subordinação delegada à mulher e aos filhos, no caso destes últimos, perante os seus pais;
6º) a prática da Igreja quanto à escolha da sua liderança espiritual no decorrer de quase dois mil anos sempre se atendo e se submetendo às orientações bíblicas, não se deixando influenciar pelos avanços da civilização, pela modernização dos tempos, pelo progresso tecnológico, pela crescente participação da mulher na sociedade, etc, sendo que estas conquistas, pois mais benéficas que possam ser, em hipótese alguma são conclusivas, nem determinantes em assuntos doutrinários e também não podem anular princípios bíblicos eternos;
7º) o tremendo valor da mulher restaurado e exaltado pelo Senhor Jesus, bem como realçado nos ensinos apostólicos, sendo que os escritos bíblicos em hipótese alguma foram contaminados pela mentalidade e postura profundamente machista daquela época; mesmo assim, o Senhor Jesus, e conseqüentemente os apóstolos, não colocaram mulheres na posição de liderarem espiritualmente a Igreja, mantendo sempre clara a diferença nas funções do homem e da mulher, tanto na igreja quanto na família;
8º) que as mulheres foram profundamente respeitadas e valorizadas pela Igreja Cristã Primitiva, desempenhando um papel fundamental para o cumprimento da Grande Comissão, entretanto, sem reivindicarem ou exercerem a liderança ou funções tipicamente masculinas; algo que se perpetuou no decorrer da história da Igreja até os nossos dias, em total submissão à Palavra de Deus visando honrar o Senhor da Igreja;
9º) que a Palavra de Deus concede as mulheres cristãs, mediante a Graça e Misericórdia do Senhor, como ocorre nitidamente em nossos dias, realizar dentro e fora de seus lares, bem como, dentro e fora da Igreja de Cristo, ministérios preciosos, abençoados e abençoadores, nas mais diversas áreas, com as mais diversas faixas etárias, sem a necessidade de se sobrecarregarem e se exporem a algo que Deus delegou estritamente a líderes espirituais masculinos, ou seja, a liderança do lar e o pastorado;
10º) aas condições para o exercício da liderança pastoral não se baseiam estritamente em dons espirituais, mas são regidas pelas qualificações bíblicas;
11º) uma hermenêutica e uma exegese bíblicas sérias das passagens bíblicas sobre liderança familiar e eclesiástica;
12º) qque a rejeição à consagração de mulheres ao pastorado, não coloca quaisquer dúvidas sobre a capacidade, competência, espiritualidade, espírito de realização, virtude, inteligência, cultura, etc de qualquer uma das nossas irmãs em Cristo, nem deve ser encarado ou tratado como preconceito ou atitude machista;
Concluímos que:
Não há embasamento bíblico para a consagração de mulheres ao ministério pastoral, ou seja, a Palavra de Deus é contrária a que isso ocorra; conseqüentemente, somos contrários a 'filiação' de pastoras no grêmio da OPBB, mesmo que as Igrejas, a revelia da Palavra de Deus promovam a consagração das mesmas ao ministério pastoral.3
* Texto apresentado em 11 de agosto de 2006 à reunião da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, subsecção Nordeste Paulista, realizada nas dependências da Igreja Batista no Jardim Independência em Ribeirão Preto - SP, para tratar específicamente deste tema.
** O pr. Ednilson Farto Batista é o pastor titular da Primeira Igreja Batista de Ribeirão Preto - SP.
1 OPBB = Ordem dos Pastores Batistas do Brasil
2 LOPES, Augustus Nicodemus; "O que o Novo Testamento tem a dizer?", artigo no site ipb.org.br
3 Esta conclusão foi aprovada e adotada pela unanimidade dos pastores presentes, sendo então a partir desta data a posição oficial da Ordem dos Pastores Batistas do Brasil, subsecção Nordeste Paulista.
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